Foram palavras duras do primeiro-ministro grego numa reunião com deputados do partido Nova Democracia que lidera a coligação do Governo. A Reuters fala da possibilidade de uma segunda reestruturação de dívida.
"Estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que a Grécia fica de pé. E eles [os alemães] fazem tudo o que têm ao seu alcance para garantirem que falhemos. Não sei se o fazem conscientemente ou por serem estúpidos", disse ontem Antonis Samaras, o primeiro-ministro grego, numa reunião com deputados do seu partido, a Nova Democracia.
As palavras duras de Samaras seguem-se a um coro de posições alemãs, sobretudo dos liberais, do FDP, o partido minoritário na coligação chefiada por Ângela Merkel, empurrando a Grécia para fora da zona euro. O jornal alemão "Der Spiegel" ampliou o efeito das palavras de Samaras.
Um falhanço do atual governo de coligação em Atenas empurrará a Grécia para uma nova vaga de turbulência política interna e terá impactos geopolíticos na região. Os analistas gregos falam de que será um passo mais na desagregação da União Europeia e na vulnerabilidade das suas periferias estratégicas.
Em virtude deste sentimento negativo na Alemanha e em alguns dos seus mais próximos aliados, como a Áustria, Samaras adiantou aos deputados do seu partido que o governo provavelmente recuará, tacitamente, no seu objectivo de uma renegociação rápida dos termos do Memorando de Entendimento que baseia o segundo plano de resgate, segundo adianta o jornal grego "Kathimerini". O que, naturalmente, na frente interna, fará crescer a contestação da oposição, em virtude de uma esmagadora maioria de eleitores se ter pronunciado contra o acordo com a troika nas últimas eleições legislativas antecipadas de Junho que deram a vitória à Nova Democracia por menos de duas centenas de milhar de votos.
A Reuters adianta, entretanto, que fontes oficiais europeias alvitram a possibilidade de uma segunda reestruturação da dívida grega, desta vez afectando sobretudo o designado sector oficial, ou seja os credores representados pela troika. Depois da reestruturação parcial da dívida grega, envolvendo o designado sector privado (os credores privados da velha dívida grega), realizada em tempo recorde no início deste ano, ter sido considerada uma exceção, à revelia da doutrina oficial da zona euro, a Reuters adianta uma possibilidade que geraria mais outra "exceção", a de que os credores oficiais não são intocáveis. De exceção em exceção, a troika vai criando um novo quadro de gestão das crises de insolvência na zona euro. O jornal alemão "Dei Zeit" anunciou hoje que desenvolveria este tema na edição de amanhã.
A troika só deverá apresentar o seu relatório regular sobre a situação de cumprimento do segundo Memorando de Entendimento com Atenas em setembro. A Comissão Europeia estaria a estudar "soluções de liquidez" temporárias para evitar que a Grécia entre em bancarrota a 20 de agosto.
Fonte: Jornal Expresso
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