Uma seringa a laser, sem agulha, está a ser desenvolvida em Coimbra e deverá chegar ao mercado dentro de um ano, anunciou hoje Carlos Serpa, um dos investigadores envolvidos.
O Laserleap (seringa a laser) é um sistema em nada semelhante às tradicionais seringas com agulha, mas que, tal como estas, permite fazer chegar o medicamento ao destino pretendido, só que sem picada e recorrendo a laser.
O protótipo da «seringa» foi hoje apresentado na Universidade de Coimbra (UC), onde o projecto nasceu, em 2008, por um grupo de três investigadores do Departamento de Química, que inclui também Luís Arnaut e Gonçalo Sá.
Através do laser, é criada uma onda de pressão que, ao chegar à pele, gera uma «espécie de tremor de terra», deixando-a «durante alguns segundos permeável», o que facilita a aplicação do fármaco, administrado em creme ou gel, explicou Carlos Serpa.
O fármaco «surte efeito mais rapidamente, nomeadamente no caso dos analgésicos tópicos», acrescentou.
Aplicações no tratamento do cancro da pele e de determinadas doenças dermatológicas, administração de vacinas ou aplicações em cosmética são algumas das utilizações da tecnologia Laserleap.
Testado em três dezenas de estudantes do Departamento de Química, o sistema «não provoca dor nem vermelhidão, de uma maneira geral, apenas cinco por cento dos casos, mas passa rapidamente», e é considerado «seguro para os humanos».
Vencedor da primeira edição do prémio RedEmprendia (2010), no valor de 200 mil euros, o Laserleap, levou já à criação de uma empresa, LaserLeap Tecnologies, em Setembro de 2011, e atualmente incubada no Instituto Pedro Nunes, e a um pedido de patente internacional, em Abril de 2011.
Ainda recentemente, o projecto venceu o desafio internacional lançado no Photonics West 2012, um dos maiores encontros científicos do mundo na área da fotónica.
A RedEmprendia é uma associação criada com apoio do Grupo Santander e orientada para o empreendedorismo, que congrega 20 universidades ibero-americanas, em Portugal, as Universidades de Coimbra e do Porto.
Durante a apresentação do protótipo, o presidente da RedEmpreendia, Senen Barro, classificou o projecto português de «excepcional», referindo que, na «corrida» ao prémio, estiveram outros também «bastante bons».
«A qualidade de vida de muitas pessoas pode mudar radicalmente» com a nova seringa, considerou.
O director da divisão do Santander Universidades para Portugal, Marcos Ribeiro, afirmou, por sua vez, que «o país precisa agora, mais do que nunca, que as universidades prossigam o motor de desenvolvimento» que representam para o «crescimento sustentável das sociedades».
Depois de salientar a importância da RedEmpreende no desenvolvimento dos projectos de investigação, o reitor da UC, João Gabriel Silva, manifestou-se preocupado com a «diminuição global dos montantes disponíveis para os projectos de investigação», através da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
«Se estas restrições se mantiverem, é obvio que muito do percurso positivo que Portugal tem feito nos últimos 10, 15 anos vai ser posto em causa, o que é preocupante e não é compatível com as afirmações que se fazem de que as universidades são decisivas para o desenvolvimento do país», sustentou.
Fonte: Lusa/SOL
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