Imprensa internacional dá conta de um resgate sem a carga de austeridade exigida aos outros países europeus intervencionados.
O plano de assistência em estudo inclui também a dispensa de um acompanhamento permanente dos credores.
Estão em marcha acelerada planos de contingência para a União Europeia ajudar Espanha, revelaram à Reuters fontes próximas das discussões que decorrem em Berlim e Bruxelas. As mesmas fontes adiantaram que os responsáveis europeus estão a examinar os tratados europeus para descobrir uma forma de Madrid ter acesso aos fundos de resgate da zona euro sem o estigma de um programa de ajustamento económico, como nos casos da Grécia, Portugal e Irlanda.
Responsáveis alemães explicaram que o objectivo é evitar o embaraço de Espanha ter de adoptar novas reformas económicas impostas do exterior e monitorizadas de perto pelos inspectores da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso mesmo deu a entender o ministro das Finanças espanhol, Cristobal Montoro, que admitiu ontem, pela primeira vez, que Espanha vai precisar de ajuda internacional para recapitalizar os bancos, mas recusou um pedido de ajuda internacional para Madrid não ter de ficar sob a tutela dos "homens de negro". Espanha "não é resgatável" e o que necessita "não é de um resgate, mas de mais Europa", argumentou o ministro espanhol.
Com a divulgação prevista para segunda-feira de um relatório do FMI sobre o sector bancário espanhol, algumas fontes sondadas pela Reuters sugeriram que podem existir "intensivas negociações de preparação" de um resgate espanhol durante o fim-de-semana.
Outras fontes de Berlim afirmaram que o ministro das Finanças alemão acredita que o fundo permanente de apoio ao euro, o MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade), que vai entrar em vigor no próximo mês, poderia financiar directamente o fundo espanhol de resgate à banca, o FROB. Mas os advogados europeus não estão convencidos de que esta opção seja legal.
"Um resgate ‘descafeinado'"
O jornal espanhol ‘Expansión' escreve que a "Alemanha prepara um resgate ‘descafeinado' para Espanha", frisando que está a ser alinhavado um acordo que permitiria a Espanha recapitalizar os bancos em apuros com a ajuda dos parceiros europeus, "mas sem a vergonha de ter de adoptar novas reformas económicas impostas do exterior".
Citando altos dirigentes alemães, o ‘Expansión' acrescenta que mesmo que Berlim se mantenha firme na oposição a que os fundos de resgate financiem directamente os bancos, se Madrid fizer um pedido de ajuda formal, os fundos poderiam ser libertados sem que o país liderado por Mariano Rajoy tenha de submeter-se às duras reformas impostas nos três países do euro que já pediram ajuda.
Em vez disso, Espanha teria apenas de acordar novas condições relacionadas com a reforma do seu sector bancário, que é o ‘calcanhar de Aquiles' do país vizinho. O ‘Expansión' adianta ainda que a Alemanha está também a estudar a possibilidade de canalizar fundos para o FROB para reforçar a ideia de que a raíz dos problemas de Espanha são os bancos e não as contas públicas.
Outras fontes citadas pelo Financial Times adiantaram que a disponibilidade para considerar um sistema de monitorização a Espanha menos intrusivo decorre do facto de Mariano Rajoy ter introduzido já este ano uma série de reformas e medidas de austeridade que são equivalentes aos esforços que têm estado a ser feitos nos outros três países do euro já resgatados.
"Podem existir melhores formas de recapitalizar os bancos do que através de um programa completo... sobretudo se o governo espanhol está a fazer tudo bem ao nível estrutural", referiu um alto responsável envolvido nas negociações.
O FT adianta ainda, citando responsáveis europeus, que o maior obstáculo à efectivação do resgate a Espanha é a relutância de Rajoy para aceitar um programa de assistência, devido aos receios de que o seu governo possa sofrer uma forte golpe político se pedir ajuda, depois de ter insistido ao longo de meses que não era necessário. Madrid teme também uma estigmatização de todos os bancos do país.
Fonte: Jornal Económico
Fonte: Jornal Económico
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