Investigadores norte-americanos treinaram cadela da raça 'border collie' durante três anos. Anterior recorde, de equipa alemã, era de 200 objectos.
Depois de os alemães terem apresentado um cão que identificava o nome de cerca de 200 objectos, investigadores norte-americanos deram agora a conhecer uma cadela, da raça border collie, que compreende e é capaz de identificar mais de mil objectos, bem como as respectivas ordens para os utilizar. A investigação durou três anos, e a equipa garante que só terminou por falta de tempo dos especialistas e não por uma falta de capacidade do animal em aprender mais nomes, segundo o artigo publicado no jornal científico Behavioural Processes.
Chaser, como se chama a cadela, foi treinada pelos psicólogos Alliston Reid e John Pilley, da Universidade de Wofford, nos EUA, e, além de reconhecer os objectos pelo nome, também consegue, garantem os investigadores, organizá-los por função e forma, uma capacidade que no Homem é adquirida por volta dos 3 anos de idade.
Esta investigação seguiu-se ao trabalho levado a cabo por uma equipa do Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck, na Alemanha. Segundo o trabalho publicado em 2004, o cão Rico conseguia reconhecer 200 palavras e identificar objectos novos inseridos num grupo que já conhecia.
Ao tomar conhecimento do trabalho germânico, os psicólogos norte-americanos puseram duas questões, que serviram de ponto de partida: quão extenso pode ser o vocabulário de um cão se lhe for fornecido um treino intenso? O que é que os cães compreendem da nossa linguagem quando comunicamos com eles?
Numa primeira fase, os objectos foram sendo apresentados um a um à cadela, de modo que ela os identificasse. Depois, Chaser tinha de os encontrar, sendo que Reid e Pilley repetiam o nome do objecto para a associação. Os brinquedos era reunidos em grupos de vinte e, de seguida, os nomes iam sendo ditos à cadela para que ela os fosse buscar. De acordo com Alliston Reid, Chaser realizou 838 testes e nunca acertou menos do que dezoito objectos por cada grupo de vinte.
Outro ponto que era necessário testar era se a cadela diferenciava os nomes dos brinquedos das ordens de acção. Para isso, os dois investigadores combinaram o nome de diversos objectos com diferentes ordens. Reid e Pilley garantem que Chaser não só identifica os brinquedos pelo nome como percebe os diferentes significados das ordens que lhe eram dadas.
Allison Reid frisa que "esta investigação é importante porque demonstra que os cães, tal como as crianças, conseguem desenvolver um vocabulário extenso e compreendem que algumas palavras dizem respeito a objectos individuais e outras podem referir-se a categorias de objectos".
Apesar da falta de tempo para continuar a investigação e determinar quantos mais objectos Chaser conseguia decorar, Reid e Pilley entendem que é preciso determinar se estas capacidades são partilhadas por outras raças de cães.
Para o especialista Adam Miklósi, fundador do Projecto Cães de Família, na Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, estes resultados agora obtidos são impressionantes devido ao treino intensivo da cadela. "Os outros cães realizam estas mesmas tarefas, mas cometem mais erros do que esta cadela", salientou Adam Miklósi.
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