sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Dívida. o preço que a China impôs a Portugal

O preço que a China impôs a Portugal


China confirma ter emprestado muito dinheiro a Portugal e elogia o país. Apoio custará mais do que juros, dizem peritos: mais África e apoios fiscais.

A China está a apoiar Portugal de forma inequívoca, com acções e elogios à moeda única, mas isso terá um preço que irá muito além dos juros cobrados pelo dinheiro que já emprestou.

A China quer entrar ou ser parceira privilegiada em bancos e empresas estratégicas portuguesas que lhe permitam reduzir as barreiras às suas próprias exportações, inundar a Europa de produtos, beneficiar de apoios fiscais, aduaneiros e de fundos comunitários para a inovação e energias renováveis, e usar Portugal e as suas empresas como 'trampolim' para reforçar posições em África, designadamente na construção de grandes infra-estruturas e construção civil em Angola e Moçambique, dizem vários entendidos em questões internacionais e fontes próximas dos negócios. Política e estrategicamente, o facto de Portugal ser membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas nos próximos dois anos também é visto como "um forte incentivo para que a China se aproxime de Portugal nesta fase", disse fonte diplomática. No fundo, é juntar o útil ao agradável.

A grande potência mundial está há várias semanas a comprar activamente dívida portuguesa e mostrou já, através de palavras, empenho na defesa do euro e vontade em ajudar a recuperar a reputação de Portugal nos mercados internacionais. Em Outubro, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da China, Fu Ying, disse, citada pela Lusa: "Temos vontade de participar nos esforços dos países europeus para recuperar da crise". E sublinhou: "Acreditamos que as medidas tomadas pelo Governo português conduzirão à recuperação dos sectores económico e financeiro."

Isto foi pouco tempo antes da visita oficial do Presidente da China, Hu Jintao, que veio a Portugal no início de Novembro. O encontro serviu para abrir mais o jogo: o Chefe de Estado chinês frisou que pretende "identificar possibilidades de cooperação em áreas como a logística portuária, serviços financeiros, novas e altas tecnologias, protecção do meio ambiente, energias renováveis, turismo, entre outras". Disse ainda (e o primeiro-ministro, reiterou) que a ideia é duplicar o volume de trocas comerciais até 2015. Foi o que Pequim prometeu aos gregos há uns meses. No caso de Portugal, significaria aumentar as importações da China para quase seis mil milhões de euros e as exportações nacionais para mais de 1,1 mil milhões de euros em 2015. Isto assumindo que as actuais proporções no desequilíbrio comercial se mantêm.

A maior parte dos sectores visados pela China são, justamente, as áreas prioritárias definidas no contexto da ajuda à Grécia, que entrou em insolvência na Primavera de 2010 e teve de pedir ajuda financeira ao Fundo Monetário Europeu e ao FMI.

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