O nosso famoso sal de cozinha é composto basicamente de cloreto de sódio (NaCl). É o principal vilão da hipertensão. O problema não é exatamente o sal, mas sim o sódio presente nele.
A hipertensão é um assunto extenso e merece um tópico só para ela. Aqui vou me ater apenas ao sal.
As populações que apresentam baixa ingestão de sódio, praticamente não apresentam casos de hipertensão. Nossa dieta contém muito mais sódio do que o necessário. Temos um paladar que foi acostumado a grandes quantidades de sal desde a infância que não notamos o quanto nossa comida é salgada.
Praticamente todos os meus pacientes, quando eu peço para reduzir o consumo, afirmam já comer pouco sal. 99% estão enganados. Se você vive no mundo ocidental e consome queijos, molho de tomate, comida congelada, come em restaurantes, consome fast food, biscoitos, comida enlatada e muitos outros alimentos facilmente encontrados nos supermercados, você tem uma dieta hipersódica (excesso de sal). Você apenas não sabe disso porque seu paladar está adaptado a altas concentrações de sódio.
A quantidade máxima de sódio recomendada é de 2,4 gramas por dia, o equivalente a 6 gramas de sal. Para se ter uma idéia, aquele saquinho de sal, branco e quadradinho, que existe em todo restaurante, possui 1g de sal. Pessoas hipertensas, cirróticos, renais crônicos ou com insuficiência cardíaca devem consumir menos de 1,5 gramas de sódio/dia. A população ocidental consome em média de 9 a 15g de sal por dia.
Os efeitos do sal são diferentes em cada indivíduo, mas alguns grupos apresentam maior sensibilidade: negros, obesos e doentes renais crônicos.
Além de provocar hipertensão, o sal também atrapalha o seu tratamento ao inativar alguns anti-hipertensivos. Isso acontece principalmente na família dos diuréticos e dos IECA (captopril e enalapril são os mais famosos).
Além das consequências da hipertensão, o excesso de sódio também está relacionado a:
- AVC (derrames) (leia: ENTENDA O AVC - ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL)
- Insuficiência renal (leia: INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA - SINTOMAS)
- Insuficiência cardíaca (leia: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA - CAUSAS E SINTOMAS)
- Câncer de estômago
- Pedras nos rins (leia: SINTOMAS DO CÁLCULO RENAL / PEDRA NOS RINS)
- Diabetes (leia: DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO DIABETES MELLITUS)
- Asma
- Osteoporose (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE)
Devido aos problemas do sódio, o chamado sal light, composto por cloreto de potássio (Kcl), vem ganhando adeptos. O nome light não é bom e causa confusão, pois o termo normalmente é dado a alimentos de baixo valor calórico. Na verdade o sal light, não é cloreto de potássio puro, ele é uma mistura com cloreto de sódio, porque o gosto do potássio é muito azedo.
Trabalhos científicos mostram que uma maior ingestão de potássio, ao contrário do sódio, protege contra a hipertensão. Alimentos industrializados costumam ser ricos em sódio e pobres em potássio, enquanto que nas frutas e nos vegetais ocorre o oposto.
Mas existe um risco. O potássio em grandes quantidades pode ser letal. Tanto que nos países com pena de morte, o medicamento usado nas injeções letais é o próprio cloreto de potássio, obviamente em quantidades muito elevadas.
Em geral quem controla as concentrações de potássio no nosso sangue são os rins. Se ingerirmos mais potássio que o necessário, o excesso sai na urina. O problema são os pacientes com doenças renais, que não conseguem controlar bem o potássio sanguíneo. Nesses, o KCl é contra-indicado. Pessoas com boa função dos rins não correm risco.
Como a hipertensão é causa de insuficiência renal, assim como, a insuficiência renal leva a hipertensão, não é incomum encontrarmos pacientes com as duas patologias ao mesmo tempo. Por isso, se você é hipertenso ou apresenta fator de risco para doença renal, dose sua creatinina antes de tomar suplementos que contenham potássio (leia: VOCÊ SABE O QUE É CREATININA ?)
Bom, resumindo: O ideal é cortar o sal da dieta, ingerir menos de 6 gramas por dia e associar a uma alimentação rica em frutas e verduras. O sal light faz menos mal que o sal comum, mas ainda contém, mesmo que em menor quantidade, cloreto de sódio. O mais importante é uma reeducação do paladar para não sentir tanta falta do sabor salgado.
Leia mais: http://www.mdsaude.com/2008/09/sal.html#ixzz0xzPH5imP
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