sexta-feira, 10 de junho de 2011

Cavaco Silva propõe "repovoamento agrário do interior"

Cavaco Silva propõe "repovoamento agrário do interior"
O Presidente da República considerou insustentável o actual défice alimentar português e propôs "desenvolver um programa de repovoamento agrário do interior".

Cavaco Silva discursava esta sexta-feira em Castelo Branco, na sessão solene das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a que assistiram as principais autoridades do Estado e o futuro primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, além das personalidades condecoradas.

Afirmando que "o interior do País pode ser uma metáfora de Portugal inteiro", Cavaco Silva declarou: "É Portugal inteiro que tem de se erguer neste hora decisiva. Um tempo de sacrifícios, de grandes responsabilidades. Não podemos falhar", exortou o Presidente, pois "os custos seriam incalculáveis".

Para Cavaco Silva, está fora de questão "pens[ar] que Portugal pode ser um país auto-suficiente" no plano agro-alimentar. Porém, "importa hoje cerca de seis mil milhões de euros de bens agrícolas para consumo" enquanto as exportações "chegam apenas aos três mil milhões de euros".

"Um défice alimentar destas dimensões não tem razão de ser num país como o nosso. Esta situação não pode continuar", sustentou o Chefe do Estado.

Cavaco Silva, num discurso de defesa do mundo rural que justificou a própria escolha de Castelo Branco para cidade sede das comemorações do 10 de Junho, disse haver "questões de fundo" cuja solução passa por "uma reflexão conjunta, feita sem preconceitos ideológicos, políticos, partidários ou de outra natureza".

"Portugal é mais do que a vida dos partidos ou o ruído dos noticiários", alertou o Chefe do Estado, alertando para as "desigualdades territoriais do desenvolvimento e para os problemas da interioridade" do País.

Focando em especial a questão do despovoamento que se agrava há décadas e se tornou "um dos grandes problemas nacionais", Cavaco Silva disse justificar-se "um incentivo especial das políticas públicas a favor das empresas" que "se fixam e criam riqueza" no interior do País.

Como "a justiça social é, também, justiça territorial", o Presidente da República considerou "importante lembrar que o desenvolvimento económico de qualquer país depende da preservação de padrões elementares de equidade".

Assim, "redescobrir o valor do interior e do espaço rural é um imperativo de portugalidade, que devemos sublinhar neste dia, um dia de coesão e de unidade", frisou Cavaco Silva, adiantando: "Hoje, 10 de Junho, não somos de facções nem de grupos. Neste dia, temos uma única característica, sermos portugueses."

"Está na hora de mudar de atitude, de desenvolver uma estratégia clara de revalorização do interior do País, incentivando e apoiando o espírito indomável daqueles que aqui vivem e trabalham", exortou o Chefe do Estado.

Nesse processo, alertou ainda o Presidente, devem-se "evitar dois caminhos": o de "procurar replicar o litoral" no interior e "em julgar que é possível regressarmos a um passado que já passou".

Cavaco Silva enalteceu ainda o papel das autarquias, que "são agora chamadas a desempenhar funções de valorização económica das suas regiões e dos seus recursos", bem como o papel das "cidades médias".

Fonte: DN.PT

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