quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cinco razões para continuar preocupado com o desemprego

A queda da taxa de desemprego para 12,1% no segundo trimestre é uma boa notícia mas continuam a existir suficientes motivos de preocupação.

É já a segunda vez esta semana que o Instituto Nacional de Estatística traz boas notícias. Ontem revelou que a economia teve um crescimento nulo no segundo trimestre, quando se esperava uma nova queda. Hoje anunciou que a taxa de desemprego recuou três décimas de ponto percentual no mesmo período para 12,1%.

São duas razões para sorrir, mas moderadamente. A economia portuguesa está em recessão e vai continuar assim até ao final do próximo ano. As previsões do governo, do Banco de Portugal e das principais instituições internacionais apontam para dois anos sucessivos de queda do produto interno bruto (PIB).

Olhando para lá da taxa de desemprego, a verdade é que os números do emprego no segundo trimestre revelam alguns sinais de alerta. Há, pelo menos, cinco boas razões para não entrar em euforias exageradas.

1 - A taxa desceu agora mas só pode voltar a subir 
Não vale a pena fazer grandes contas. A taxa de desemprego voltará a subir nos próximos trimestres à medida que a economia avança na recessão. As projeções apontam para um tombo acumulado do PIB na ordem dos 4% ao longo de 2011 e 2012 e o desemprego irá acompanhar. As previsões do Governo indicam que a taxa pode chegar aos 13,2% em 2012, estabilizara em torno desse valor no ano seguinte e só depois voltará a descer. Números semelhantes ao projetado pelas restantes instituições.

2 - A taxa 'real' ronda 15% 
O INE segue as metodologias internacionais no cálculo da taxa de desemprego e, por isso, deixa de fora pessoas que estando desempregadas, de facto, não são contabilizadas. Para o INE, é considerado empregada qualquer pessoa que tenha trabalhado pelo menos uma hora mesmo que por um salário minúsculo. Da mesma maneira, ficam de fora do número de desempregados e de ativos todos aqueles que, estando sem emprego, não fizeram diligências para encontrar trabalho: os inativos disponíveis e inativos desencorajados. No total, são cerca de 200 mil pessoas nestas situações que, somadas aos desempregados e à população ativa, elevam a taxa para 15,2%. Existe ainda o subemprego visível que regista os trabalhadores que gostariam de trabalhar mais horas e não conseguem. Por exemplo, 183,8 mil pessoas trabalha menos de 10 horas por semana, mais 3,5 mil que no primeiro trimestre. 

3 - Dois terços dos empregos criados têm salários inferiores a 900 euros 
No segundo trimestre foram criados 48 mil empregos por conta de outrem. Descontando os cerca de 500 mil trabalhadores cuja remuneração é desconhecida pelo INE, registados na rubrica 'não sabe/não responde', a criação de emprego ascendeu a 104 mil postos de trabalho. A sua maioria foram empregos com salários até 900 euros por mês - cerca de 80%. Houve apesar de tudo, uma redução dos empregos com remunerações abaixo de 310 euros e também tímidos aumentos nos salários até 2500 euros.

4 - No jobs for the (young) boys 
É quase matemático em toda a Europa. Para saber a taxa de desemprego nos jovens basta pegar na taxa geral, multiplicar por dois e tem-se de imediato um valor bastante aproximado da realidade. Entre abril e junho, a percentagem de jovens dos 15 aos 24 anos sem emprego diminuiu ligeiramente mas continua em 27%. O problema do desemprego jovem, além de todas as implicações sociais que em vários países deram origem a sérias convulsões, é também um sinal que o mercado de trabalho está a ter dificuldades em absorver a nova mão-de-obra. Em muitos casos, são jovens com formação superior que o mercado não reconhece ou tarda em reconhecer. 

5 - Desemprego de longa duração 
Mais de metade dos desempregados estão sem emprego há mais de um ano. É o chamado desemprego de longa duração que aumentou no segundo trimestre e atinge já uma taxa de 6,7%, o que corresponde a 372,4 mil pessoas. O mais preocupante é que, deste total, mais de 200 mil pessoas está sem conseguir voltar ao mercado de trabalho há mais de dois anos. O que explica, por exemplo, o aumento dos inativos disponíveis e desencorajados. São pessoas que, ao fim de algum tempo, deixam de acreditar e desistem de procurar. Um sinal das dificuldades é o facto de cerca de um terço (29,5%) dos desempregos não ter ido a nenhuma entrevista nem prestado provas para conseguir um emprego durante o segundo trimestre. Nos três primeiros meses do ano, a percentagem foi de 24,3%.

Fonte: Expresso

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