sábado, 14 de maio de 2011

Cientistas querem criar um cérebro humano artificial

Um cérebro humano artificial poderá ser construído dentro de dez anos, abrindo portas à compreensão do seu funcionamento e ao diagnóstico e tratamento de demências, segundo um projeto internacional hoje apresentado na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Designado «Human Brain Project» (HBP), consiste na criação de um supercomputador que consiga simular de forma realista o funcionamento do cérebro humano, projeto que conta com a participação de investigadores portugueses e que será a «expedição à lua» das neurociências, como referiram os seus responsáveis.

O objetivo é combater as cada vez mais comuns doenças cerebrais e, simultaneamente, criar uma nova classe de tecnologias que dê novas respostas nas áreas das neurociências, da medicina, das ciências sociais (nomeadamente por uma melhor compreensão do comportamento humano), da robótica e da informática.

Este projecto candidatou-se a um programa da Comissão Europeia - EU`s FET Flagship Program - de incentivo a tecnologias emergentes e de futuro, tendo sido seleccionado como um dos seis finalistas. 

Se for seleccionado, o que se saberá em Abril do próximo ano, terá o financiamento necessário para arrancar: mil milhões de euros para um período de dez anos, ou seja, 100 milhões por ano, explicou Richard Walker, porta-voz do HBP, durante a apresentação do projecto.

Primeiro há que desenhar e criar o computador e depois desenvolver aplicações na medicina e investigação farmacológica, incluindo de novos diagnósticos e ferramentas de monitorização de doenças, simulações de doenças mentais e dos efeitos colaterais de drogas.

Segundo Zach Mainen, investigador e director do programa de neurociências da Fundação Champalimaud, o desafio que os espera é progredir na compreensão do cérebro, de toda a sua complexidade e de tudo o que ele faz. 

«O grande desafio é entender a relação entre as moléculas, como um gene ou uma droga, e o comportamento humano», disse, explicando que se conhecem muitos detalhes, mas falta pô-los todos juntos, que é o que este programa se propõe fazer.

Walker especificou que «a simulação e a modelação são as chaves» do projecto.

«O HBP vai poder simular cérebros de diferentes espécies, idades e doenças, permitindo diagnosticar e tratar doenças do cérebro. Queremos testar todas as doenças. Temos muitos conhecimentos, se tivermos um computador podemos testar, simular e repetir as vezes necessárias», afirmou.

Para criar este cérebro serão reconstruídas artificialmente milhões de células em sofisticados «chips» que simulam as sinapses do cérebro humano. 

Este projecto foi proposto por um consórcio de 13 dos mais importantes centros de investigação da Europa. Ao todo, o projecto reúne 150 grupos de áreas tão diversas como neurociências, genética, matemática, ciências da computação, robótica e ciências sociais.

Mas o projeto não é fechado, como salientou Richard Walker, pois o HBP quer colaborar com consórcios fortes e tem na base a ideia de «reunir todos» os contributos possíveis.

Até porque um dos objectivos é desenvolver uma plataforma que possa juntar e organizar todos os dados científicos disponíveis, que contribuirão para desenvolver o trabalho de simulação do cérebro.

Todos os anos os neurocientistas publicam milhares de artigos científicos, cada um descrevendo o papel de um gene em particular ou de uma molécula específica, lembrou.

Fonte: Diário Digital / Lusa 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Extensor peniano